Eles são fresquinhos, apetitosos e... cheios de agrotóxicos.
Veja aqui os alimentos que contêm as
maiores doses dessas substâncias venenosas e aprenda alguns truques
para driblar o perigo
A mãe escolhe atentamente frutas, legumes e verduras no mercado. Em
casa lava-os muito bem. Tudo isso para
garantir a saúde de sua família. Mas será o bastante?
Na verdade, o maior perigo é aquele que não
se consegue ver: as sobras de aditivos químicos. Para investigar o
índice de contaminação de vegetais consumidos no país,
a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) criou
o Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos
(Para). "Existiam trabalhos isolados nas universidades, mas nada em
âmbito nacional", explica o engenheiro agrônomo Luiz Claúdio
Meirelles, que coordenou a pesquisa. Entre junho de 2001 e junho de 2002,
especialistas examinaram 1295 amostras dos nove alimentos mostrados aqui e
que foram recolhida em supermecados de Belo Horizonte, São Paulo, Recife
e Curitiba. O resultado aponta o morango como o mais contaminado.
O vencedor da pesquisa tem a casca fina e rugosa, perfeita para o alojamento de resíduos. Além disso, sua espécie tem um ciclo curto entre floração e frutificação, o que pode não dar tempo para que os agrotóxicos se dissipem. Não é só isso: o morango chama a atenção por apresentar um grande número de substâncias que não deveriam ser utilizadas em seu plantio. Uma delas é a vinclozolina, que deve ser empregada só na cultura do feijão.
A última colocado no ranking, a cenoura, não é completamente inocente. Ela é, sim, cultivada com aditivos químicos, mas o programa analisou apenas o que sobrou deles quando o vegetal chegou às gôndolas dos supermercados. Por isso, passou no teste. Versões orgânicas são melhores opções.
Segundo o toxicologista Igor Vassilieff, de Botucatu, no
interior paulista, o agricultor brasileiro não respeita as normas de
uso dos pesticidas e muitas vezes mal as conhece. "Ele lê a quantidade
recomendada na embalagem e pensa "Só isso?"." Outro
problema que passa batido é o intervalo de segurança, ou seja,
o período específico que cada veneno tem para se dissolver antes
da colheita do alimento. O carbofurano usado na batata, por exemplo, deve
ser aplicado com 60
dias de antecedência. Nem sempre é assim.
Boas surpresas
A melhor novidade do estudo foi a completa ausência de DDT, o dicloro difenil tricloroetano. Ele ficou famoso na década de 1960 por combater o inseto causador da malária, mas está proibido no Brasil desde 1985. "A substância se deposita na gordura do corpo humano e ataca o sistema nervoso", explica Igor Vassilieff. "A pessoa pode ficar irritada e ter convulsão".
Infelizmente os pesticidas liberados também ameaçam
nossa saúde se forem ingeridos em grande quantidade (veja no quado
ao lado). Então, o que fazer para minimizar os efeitos? "Alguns
agrotóxicos ficam na casca, enquanto os chamados sistêmicos,
entram na seiva da planta e se alojam na polpa ou nos vasos lenhosos",
esclarece Solange Caniatti Brazaca,
nutricionista do departamento de agroindústria da Escola Superior de
Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), em Piracicaba, interior de São
Paulo. Para eliminar os de superfície em até 80%, o bicarbonato
de sódio é a melhor pedida. Esse pozinho branco, entretanto,
não funciona para os sitêmicos. O tomate é um dos alimentos
que levam esse tipo de veneno. Daí a dica de comê-lo madurinho.
Ou, melhor ainda, comprar o orgânico - que é, na verdade, a única
escapatória.
Problemas a longo prazo
Os agrotóxicos podem causar doenças crônicas
Ninguém fica intoxicado ao comer um único
morango com esses resíduos. No entanto, além de não serem
visíveis, os agrotóxicos demoram a se fazer sentir em nosso
organismo. "Se o consumo de resíduos for diário e exagerado,
pode causar câncer e alteraçõs embrionárias",
afirma Luiz Claúdio Meirelles. O mesmo vale para quem aplica esses
produtos nas lavouras. Um trabalho com plantadores de tomate realizado pela
Universidade Estadual Paulista, em Botucatu, mostrou
que a produção de espermatozóides sadios caiu em 50%
nesses homens.
Prova dos nove
Os alimentos aqui foram escolhidos pelo alto consumo e devido à quantidade de agrotóxicos usados em sua cultura. Os números que você vê indicam a porcentagem das amostras em que foram encontados resíduos dessas substâncias.
Morango - 46% - para eliminar um pouco do resíduo,
deixe-o de molho em uma solução de água e bicarbonato
de sódio.* Tomate - 26,1% - a dica é consumi-lo maduro. Isso
porque, quanto mais passa o tempo, mais os venenos se
dissipam.
Batata - 22,2% - descascá-la é a melhor forma
de diminuir a quantidade de agrotóxicos. Mergulhá-la em
uma solução de bicarbonato também ajuda.
Mamão - 19,5% - o macete para a fruta é livrar-se
de sua casca, já que as substâncias estão na superfície.
Alface - 8,64% - para a hortaliça vale a fórmula de água
mais bicarbonato. Ela deve ficar meia hora nessa
solução.
Banana - 6,53% - sossegue: como ninguém come a fruta
com a casca, automaticamente lá se vai boa parte dos
aditivos.
Maçã - 4,04% - o melhor seria descascá-la,
mas sua casca contêm fibras emportantes. Vale, então, deixar
de molho em água e bicarbonato.
Laranja - 1,41% - a regra de livrar-se da casca também
é a melhor opção. Afinal, graças a ela a polpa
fica
mais protegida.
Cenoura - 0% - água e uma escova de cerdas macias
podem ser as únicas aliadas para limpar a casca, já
que o vegetal está livre dos aditivos.
Os agrotóxicos não resistem ao PH do bicarbonato de sódio,
daí sua eficácia. A receita da solução é
1
colher de sopa do pó para cada litro de água. Os vegetais devem
ficar de molho por até meia hora e, depois, precisam ser lavados em
água corrente.
*Artigo retirado da revista Saúde.
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